"Não há judeus nem gregos; não há escravos nem livres; não há homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus" (Gálatas 3. 28)
Poucas coisas há tão trágicas na vida em sociedade quanto a incapacidade do homem de ver o próximo como igual. Na verdade, essa é uma das marcas do pecado, ao imprimir no cerne do nosso ser o egoísmo e o egocentrismo, tornando-nos mais distantes uns dos outros. Mais triste ainda é a percepção de que isso também ocorre na igreja cristã, contrariando, assim, as bases daquilo que entendemos ser a nossa fé. A fé genuína, ao até porque uma das obras da espiritualidade bíblica em nós é a harmonia entre os homens, capacitando-nos a ver uns aos outros como Deus nos vê.
É justamente disso que trata o texto paulino. É digno de nota que Paulo aborde as relações fraternas na comunidade cristã logo após defender a supremacia da fé sobre a Lei para a nossa justificação. Isso nos faz entender que a fé, ao nos justificar, nos insere também em uma nova comunidade, onde agora não valem mais os elementos que nos distanciam uns dos outros, pois, uma vez que todos estamos sob uma mesma fé, logo somos todos iguais. É o que Paulo diz no verso 26: "Pois todos sois filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus"
Assim, inseridos numa nova comunidade sob a batuta da fé em Cristo, devemos olhar para o nosso semelhante reconhecendo o valor e a dignidade que lhe são inerentes independentemente daquilo que o faz diferente de nós, pois por essa mesma fé não há mais diferenças de nós, pois por essa mesma fé não há mais diferenças que nos separem. A fé, além da salvação, promoveu outro grande milagre: fez-nos um em Cristo.
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