terça-feira, 20 de abril de 2010

EU PREFIRO ESTAR NO DESERTO....

Pode parecer estranho, mas o lugar onde estamos mais sensíveis para perceber os atos de Deus não é o lugar da bonança, mas, sim, o lugar do deserto.

Muitos dos salmos de Davi foram escritos não no palácio, mas, no deserto. Moisés recebeu o seu chamado no deserto (Êxodo 3.1-2). Quando queria desistir de tudo, Deus levou Elias não à um lugar de maravilhas, mas, ao deserto do Sinai, ao monte Horebe (1 Reis 19). Quando o povo de Israel havia se tornado insensível, Deus decidiu que iria novamente levar o seu povo ao deserto para ali falar-lhe ao coração (Oséias 2.14). João Batista viveu no deserto, recebendo de Deus, até o tempo em que deveria se manifestar ao povo de Israel (Lucas 1.80). O apóstolo Paulo, logo depois da sua conversão no caminho de Damasco, viveu por três anos nos desertos da Arábia (Gálatas 1.17-18). Por diversas vezes, durante o seu ministério, Jesus se retirou para os lugares solitários a fim de orar, se relacionar com o Pai (Lucas 5.15-16).

O deserto é lugar de encontro com Deus e, portanto, lugar de ouvirmos aquilo que Deus tem para nos dizer. Às vezes corremos tanto, envolvemo-nos em tantas atividades, participamos em tantos ministérios, ouvimos tanta gente, que não conseguimos parar para ouvir a voz do nosso Amado. Temos tempo para todos, mas não temos tempo para estar com Aquele que é a razão da nossa vida e o motivo da nossa existência!

Aliás, muitas vezes, nem mesmo nos lembramos de que Deus existe e que está perto. Pelo contrário, por causa da nossa inteligência, capacidade, recursos, relacionamentos, habilidades, consciente ou inconscientemente, chegamos a pensar que somos bons, fortes, capazes, inteligentes e habilidosos. Nem nos lembramos de que Deus é quem opera tudo em todos e de que toda boa dádiva e dom perfeito vem do Pai das Luzes. Até que…

Até que, por sua providência, Deus nos leva para o deserto, que, nesse contexto, não é necessariamente um lugar geográfico, mas, sim, lugar de falta, de carência, de limitações, de sequidão, de quentura e de não-beleza. E, assim, quando nos encontramos mais fragilizados e menos confiantes em nós mesmos, nós nos encontramos com Aquele que, se de um lado, resiste ao soberbo, de outro lado, concede graça ao humilde. No deserto, tornamo-nos mais sensíveis aos atos de Deus.

É no deserto que percebemos que o nosso pão de cada dia é fruto não do nosso esforço, mas da bondade de Deus. É ali que percebemos que o nosso pão é e sempre foi pão do céu! É no deserto que percebemos que a água que bebemos, fonte de vida, nasce da Rocha, que é Cristo! É ali que entendemos que a provisão é sempre fruto de um milagre! E que as nossas roupas não gastam! E que a nossa saúde só pode ser preservada por Deus!

De repente, começamos a perceber que a nossa vida não é vivida por acaso, mas que é cheia de propósito. E que tudo o que temos (ou não temos); tudo o que somos (ou não somos); sim tudo nos é dado por Deus. Ali, naquele lugar, o nosso coração é convertido e se rende completamente aos cuidados do Criador. Ali, reconhecemos que só existe um único Deus, e que esse deus não somos nós mesmos; pelo contrário, é o Deus Triúno.

Por Gustavo Bessa

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